segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Entrevista a José Manuel Rocha : Crise Económica

Num contexto actual de crise económica generalizada por todo o mundo, seria um erro não abordar o tema junto de quem trabalha há vários anos no campo da informação económica. O actual editor de economia do Público lida profissionalmente com a área há mais de uma década, altura em exercia funções na Rádio Nova.


José Manuel Rocha rejeita as comparações da crise actual com a grande depressão de 1929. Em primeiro lugar, o jornalista refere que actualmente a economia é muito mais pujante do que era no fim dos anos 20 e não acredita que venhamos a assistir a "manifestações de pessoas que ficaram na miséria absoluta como aconteceu em 1929."

O editor de economia do jornal Público aponta a actividade desregulada dos bancos de investimento americanos como o epicentro da crise. "Nos Estados Unidos, os bancos de investimento começaram a lançar produtos financeiros completamente desregulados que eram baseados muito em cima do crédito subprime. Associavam um certificado de dívida a um crédito habitação e vendiam aquilo a um outro investidor. " O jornalista explica que com a queda do preço das casas nos Estados Unidos todo o sistema entrou em colapso, o que o leva a dizer que esta é uma crise profunda "que se manifesta no sistema financeiro mas tem por base as dificuldades das famílias norte-americanas." (ouvir)

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Entrevista a José Manuel Rocha : Influência das Fontes Institucionais


José Manuel Rocha, 50 anos, jornalista. É editor de economia do jornal público e no seu percurso profissional conta com passagens pela Gazeta dos Desportos e Rádio Nova, tendo ainda exercido funções em empresas de comunicação, assessoria e imagem.

A questão da influência das fontes institucionais nas redacções e no fluxo de informação tem sido muito discutida. Por um lado há quem alegue que as redacções estão absolutamente dependentes das fontes institucionais, assessorias e afins. Por outro lado há quem não concorde e defenda que ainda existe muita iniciativa jornalística nas publicações actuais.

José Manuel Rocha, editor de economia do jornal Público, admite que "muita da informação que sai tem como base fontes institucionais de informação", contudo, sustenta que só é publicado aquilo que é realmente notícia e tem importância para o público e "não é pelas noticias virem de fontes institucionais que são publicadas ou não".

Quando se considera que uma determinada informação proveniente de uma qualquer fonte relacionada directamente com uma empresa tem validade e interesse, a informação será publicada. E há que salientar ainda o facto de que muita informação deste tipo não precisa de contraditório - José Manuel Rocha dá o exemplo de uma empresa que crie postos de trabalho numa altura de crise como a que vivemos actualmente. (ouvir) Isso seria noticia e não significaria de modo algum que o jornal estivesse subjugado ou dependente daquela ou de outras fontes oficiais.

O editor do jornal "Público" afirma ainda que "Não há problema nenhum em vir de uma fonte institucional. Geralmente o que se associa a isso é que o jornalista não questiona e a empresa quer é defender o seu interesse. Mas os jornalistas também não são uns patetazitos que estão ali e que não sabem discernir as coisas." Na opinião de José Manuel Rocha, "a penetração das agências de comunicação das fontes institucionais é q.b."

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